Representantes de diferentes entidades questionam criação de uma possível APA (Área de Preservação Permanente) na orla de Itajaí
Representantes da Associação de Proprietários da Brava Norte (Aprobrava) propuseram um plano de desenvolvimento sustentável para a porção Norte da Praia Brava e questionaram a criação de uma possível Área de Preservação Permanente (APA) na orla de Itajaí durante a primeira audiência pública do Plano Diretor da cidade. As audiências comunitárias em diferentes bairros de Itajaí iniciaram esta semana. A primeira delas, focada na Praia Brava, reuniu quase 400 pessoas, entre moradores, proprietários de terrenos, frequentadores e comerciantes locais.
Conduzida pela Secretaria de Urbanismo do município, em parceria com o Colégio de Delegados responsáveis pela atualização do plano diretor de Itajaí, a audiência apresentou um resumo do Diagnóstico e Proposta de Zoneamento e Definição de Parâmetros Urbanos para o bairro, debatido em mais de 30 reuniões com entidades de diferentes segmentos ao longo dos últimos 5 anos. “Qualquer estudo desta natureza precisa sempre considerar a projeção de crescimento populacional ao longo dos anos que virão. O que se propõe aqui é um desenvolvimento equilibrado e sustentável para o bairro”, citou o arquiteto Dalmo Vieira, que coordenou o colégio de delegados do Plano Diretor.
Celso Rauen, presidente da Aprobrava, se manifestou na audiência esclarecendo os objetivos da entidade na elaboração de um plano efetivo de desenvolvimento social e econômico para a região com foco na sustentabilidade. “Apoiamos plenamente a existência dos parques da Lagoa do Cassino e do Canto do Morcego, reconhecendo seu valor e importância para a comunidade e a biodiversidade local. Um exemplo dessa nossa visão é a passarela entre a Brava Sul e Norte, financiada pela Aprobrava e que deu a possibilidade de contemplar esta porção da Brava de forma única, além de criar uma conexão para ciclistas e pedestres que antes era impensável”, citou.
Rauen também citou que os empresários da Brava Norte acreditam que os limites de altura determinados pela lei do sombreamento, apesar de restritivos, são adequados. No entanto, se posicionam contra à criação de uma Área de Preservação Permanente (APA), condição jurídica extremamente restritiva para o desenvolvimento de projetos construtivos. “Defendemos integralmente o plano diretor elaborado por meio de um processo de discussão abrangente. No entanto, a criação de uma APA interessa a quem? Itajaí não perder a oportunidade de se tornar uma das cidades mais desejadas para se morar no Brasil e esta condição passa primordialmente pelo desenvolvimento equilibrado da Praia Brava”, defendeu.
O vice-presidente da Sociedade Guarani, Rubem Bado, clube recreativo que detém boa parte dos terrenos no entorno da Lagoa do Cassino, reforçou na audiência a disponibilidade da entidade em ceder uma parte significativa de área para a criação do Parque Linear da Lagoa – uma das proposições de maior destaque da Aprobrava.
A engenheira civil e usuária da Praia Brava, Giovana Ulian, relatou que desconhece uma cidade no Brasil com tamanha proporcionalidade de áreas verdes. Enquanto a Organização das Nações Unidades (ONU) sugere uma cota mínima de 12 metros quadrados de área verde por habitante, Itajaí conta com 120 metros quadrados. “Curitiba, internacionalmente conhecida por seus parques e pulmões verdes, tem 64 metros quadrados. Se bem gerenciado, o desenvolvimento consciente deste lugar tem tudo para se tornar uma referência mundial”, citou.
Atuação da Aprobrava
Desde sua oficialização, há quase 20 anos, a Aprobrava vem atuando fortemente no fornecimento de infraestrutura urbanística na região da Brava Norte. Atualmente, a instituição foca em ampliar seu impacto de atuação para além da comunidade desta porção do bairro, com ações que têm por objetivo final a implementação de três parques nos arredores da região: o Parque do Canto do Morcego, Parque da Lagoa do Cassino e Parque da Orla.
Entre as obras já realizadas pela entidade estão a pavimentação da Brava Norte na Avenida José Medeiros Vieira, incluindo tubulação subterrânea para energia e calçamento. A obra foi doada à prefeitura em 2015 e abrangeu projeto e obra física, incluindo serviços de engenharia, mão-de-obra, materiais, mobiliário urbano, cercamento e sinalização.
A entidade também projetou e financiou a passarela sobre a Lagoa do Cassino, em parceria com o Warung ligando os cantos norte e sul da Brava, bem como urbanização das áreas que ligam a cidade à passarela. Além disso, fez a conexão viária e acesso à Brava Norte, em conjunto com o Sinduscon, financiando projetos executivos para melhorar o acesso àquela região. Estão incluídas as obras da Rua Luci Canziani, Rua Cabo Rudolf, Rua Delfim de Pádua Peixoto e Av. José Medeiros Vieira (Brava Norte e Sul), além do projeto de acesso à Brava Norte por Cabeçudas. Em parceria com o Sinduscon da Foz do Rio Itajaí, a Aprobrava também irá realizar a recuperação e cercamento de toda a restinga da Praia Brava, em um investimento de R$ 700 mil.